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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Ministério Público pede prisão de quatro pessoas por tragédia no RS
 
Planta da Boate Kiss
O promotor do Ministério Público Joel Oliveira Dutra pediu a prisão temporária de quatro pessoas investigadas pelo incêndio, no domingo, da boate Kiss, que deixou ao menos 231 pessoas mortas em Santa Maria, na região central do Rio Grande do Sul.
 
Um dos administradores da boate, Elissandro Spohr (conhecido como Kiko), está detido sob custódia no município de Cruz Alta. Também foram presos ontem (28) dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava no momento do sinistro – o produtor de palco Luciano Augusto Leão e o vocalista Marcelo de Jesus Santos -.
 
Foi pedida, ainda, a prisão de outro sócio da Kiss, Mauro Offman, que deveria se apresentar na tarde de ontem.
 
Sucessão de erros
 
Erros de gerenciamento da casa de shows foram a causa da tragédia de domingo, em Santa Maria, no interior gaúcho, segundo especialistas ouvidos pela Folha. De acordo com eles, a lição que fica é que é preciso uma cultura de prevenção a grandes incêndios no país.
 
O incêndio deixou mais de 230 mortos (a maioria por asfixia) e cerca de 100 pessoas hospitalizadas. A boate Kiss era uma das principais casas noturnas da cidade e era famosa por receber estudantes universitários.
 
Segundo o coordenador da Defesa Civil, Adelar Vargas, o fogo começou na espuma de isolamento acústico quando um dos integrantes da banda que se apresentava [Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista] acendeu um sinalizador, que atingiu o teto.
 
O guitarrista da banda Gurizada Fandangueira, Rodrigo Lemos Martins, também disse à Folha que o fogo começou depois que o sinaleiro (chamado por ele de 'sputinik') ter sido aceso.
 
Um segurança da casa e o vocalista da banda tentaram apagar o incêndio, afirma o guitarrista, porém o extintor não funcionou. O sanfoneiro  do grupo, Danilo Jaques, morreu na tragédia.
 
Para Valdir Pignatta e Silva, professor da Poli/USP e especialista em segurança contra incêndios, houve ali uma sucessão 'absurda' de erros. Ele cita a falta de sinalização para a saída de emergência e o fato de haver apenas uma porta de acesso ao local. Também afirma que o teto da boate era feito de material inflamável.
 
O pesquisador da Coppe/UFRJ (Coordenação de Programas em Pós-Graduação em Engenharia) Moacir Duarte diz que as pessoas foram vítimas de uma 'desorganização primária'.
'Um vistoria simples, de menos de duas horas, feita por um bombeiro, bastaria para vetar o local para a realização de shows', disse. 'Há uma cadeia enorme de responsabilidades.'
 
Além das falhas na estrutura, Duarte cita ainda o problema da falta de rádios para a equipe de segurança.
 
Sem saber o que acontecia, seguranças na porta da boate pensaram inicialmente que o tumulto havia sido causado por uma briga e barraram as pessoas para que elas não deixassem o local sem pagar a conta. Enquanto isso, outros funcionários tentavam combater as chamas em outro local.
 
Pignatta e Silva, da Poli, afirma que as pessoas precisam criar uma cultura de salvaguardar sua vida em situações como a encontrada no Rio Grande do Sul.
 
'Infelizmente, o fato de existir uma casa com capacidade para mais de mil pessoas, em um ambiente totalmente fechado, não deu um alerta na cabeça de ninguém. Ainda mais com objetos pirotécnicos no palco', afirma.
 
Segundo ele, em outros países do mundo, como na Inglaterra, as pessoas têm na memória incêndios que ocorreram no século 17. 'Provavelmente, nem você nem eu teríamos nos preocupado com um incêndio, se tivéssemos naquela boate', diz.
 
Tirei mais de 180 pessoas dos banheiros, diz capitão
 
O capitão Edi Paulo Garcia, da Brigada Militar, afirmou que sua equipe retirou mais de 180 pessoas dos banheiros da boate Kiss atingida por um incêndio na madrugada deste domingo.
 
'A cena é terrível, é triste. Muitos jovens em um espaço muito pequeno, muito reduzido. Eu tirei mais de 180 pessoas dos banheiros porque eles estavam tentando fugir por lá. Os jovens foram se divertir e acabaram perdendo a vida', afirmou o capitão em entrevista veiculada pelo 'Domingão do Faustão', da TV Globo.
 
Inicialmente, foram divulgadas 233 mortes. Mas o número foi atualizado após legistas identificarem dois nomes duplicados.
 
A boate Kiss era uma das principais casas noturnas da cidade e era famosa por receber estudantes universitários. Segundo o coordenador da Defesa Civil, Adelar Vargas, o fogo começou na espuma de isolamento acústico quando um dos integrantes da banda que se apresentava acendeu um sinalizador, que atingiu o teto.
Testemunhas relatam que os seguranças da boate impediram a saída das pessoas nos primeiros momentos do incêndio. 'No começo, só deixavam sair quem pagasse a comanda. Os seguranças estavam barrando, pois não sabiam o que estava havendo', disse Murilo Lima à rádio Gaúcha, que escapou da tragédia.
 
Este é o segundo maior incêndio do Brasil. A maior tragédia brasileira foi registrada em 1961, quando 503 pessoas morreram em um incêndio no Grande Circo Brasileiro, em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro.
 
Alvará
 
Um dos proprietários da boate prestou depoimento na Polícia Civil na tarde de domingo e confirmou que o alvará da casa estava vencido, mas que estava em processo de renovação. O delegado Sandro Meiners disse que agora vai apurar por que o alvará ainda não havia sido concedido.
 
O nome do proprietário que prestou depoimento não foi informado. O outro dono ainda não tinha sido localizado na noite deste domingo. Além do alvará de funcionamento, a boate funcionava também sem o Plano de Prevenção a Incêndio, segundo o secretário nacional de Defesa Civil, coronel Humberto Viana.

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